«Try and fail is the manner of losers; try and learn is the way of the strong.»

Chegou então o derradeiro dia. Todo o meu trabalho ia ser ali testado e visto por toda aquela multidão. As bancadas estavam cheias e as pessoas estavam ao rubro. Ouviam-se gritos de apoio, grupos que se juntavam para apoiar alguém e viam-se bandeiras espalhadas das diferentes equipas.
Chegou então o meu momento de brilhar ou fracassar. As séries foram feitas e o grupo com quem ia competir já estava delineado.
Olho para o meu lado esquerdo enquanto rodo os braços numa tentativa de aquecer mais um bocadinho os músculos, que esta época estavam muito acessíveis a lesões. Observo-as. Eram todas mais velhas e grandes. Umas estavam sentadas na cadeira que nos era disponibilizada, outras, tal como eu, aqueciam o seu corpo para o momento em que tudo tinha que estar bem e nada poderia falhar.
Ouve-se então o apito vindo do lado dos árbitros, que significa que podíamos ir para o bloco de partida. Aquele som para muitos melodioso, para nós significava que ia começar o grande tudo ou nada. Ecoava nas nossas cabeças naquele momento em que a piscina tinha ficado em silêncio.
É o momento de concentração, olhar para a nossa pista e nada mais; abstrair-nos de tudo o que nos rodeia, das nossas adversárias e do frio que nos sobe espinha a cima e nos arrepia. A nossa equipa está do outro lado das pistas em silêncio e a sofrer por nós. Querem que tudo corra bem, como irmãos que somos.
- Aos seus lugares... 
E soa o segundo apito.
Saltamos dos blocos de partida como quem quisesse alcançar o céu. A trajetória do nosso corpo até à água  é feita em milésimos de segundo, num momento em que todos os segundos contam. O silêncio que anteriormente pairava naquele local, tinha agora dado espaço a momentos de barulho por parte de todas as pessoas ali presentes. Lá dentro, nada se ouvia a não ser o barulho do nosso corpo a movimentar-se na água.
A sensação é impossível de explicar, mas sabia que se algo por algum motivo não corresse pelo melhor, ou pelo esperado, iriam lá estar os nossos companheiros de equipa, para nos reconfortar num grande e molhado abraço. E é o melhor que se pode receber. O orgulho daqueles com e para quem trabalhamos, sabendo que eles sabem que demos o nosso melhor para não os desiludir. E vale sempre a pena.

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